Ele nasceu em uma família judaica musical, e seu pai Samuil Moiseyevich e mãe Sonia eram figuras conhecidas no Teatro Ídiche. Seu pai trabalhava como diretor do Teatro Judaico em Varsóvia e era também compositor e violinista, enquanto sua mãe era pianista. Uma criança prodígio, Mieczysław executou o seu primeiro concerto aos dez anos de idade, e dois anos mais tarde ele iniciou os estudos em piano sob a tutela de Józef Turczyński no Conservatório de Varsóvia, dirigido na época por Karol Szymanowski. Com a idade de 16 anos, escreveu a sua primeira partitura para filme. Józef Hoffman já previa uma maravilhosa carreira no piano para Weinberg.
Após a invasão de Hitler à Polônia, Mieczysław foi o único membro da família que pôde fugir para o Leste. Os que eram próximos a ele, morreram no campo de concentração de Trawniki. Weinberg se encontrou em Minsk, Bielorrússia, onde estudou com Vasyl Zolotariev, um pupilo de Nikolay Rimski-Korsakov. Depois que a guerra se deflagrou entre a Rússia e a Alemanha, ele escapou para Tashkent, Uzbequistão, encontrando trabalho em uma casa de ópera local. Foi do Uzbequistão que ele mandou o manuscrito de sua "Sinfonia N° 1" para Dimitri Shostakovich, que logo o convidou a Moscou. Weinberg se estabeleceu na capital russa e viveu lá até o fim de sua vida.
Como compositor, Mieczysław Weinberg não conseguiu criar um público considerável durante a sua vida. Com frequência, fazia apresentações como pianista. Uma lenda foi criada ao redor do concerto que ocorreu em outubro de 1967, quando Weinberg substituiu Dimitri Shostakovich, que estava indisposto. Desta maneira, ele participou da apresentação de estreia de "Sete romances de Aleksandr Blok", de Shostakovich, juntamente com Galina Vishnievskaya, David Oistrakh e Mstislav Rostropovich.
Weinberg conseguiu fugir da perseguição dos nazistas, mas foi preso pelas autoridades soviéticas. O seu sogro, o aclamado ator Salomon Michoels, foi assassinado em 12 de janeiro de 1948, por ordens de Joseph Stalin.
Por toda a sua vida, Mieczysław Weinberg falou russo com um sotaque polonês, e seus amigos, incluindo Shostakovich, o chamavam pelo diminutivo polonês de seu nome: Mietek. Em suas composições, ele frequentemente fazia uso de textos de poetas poloneses, especialmente Julian Tuwim. A lista de suas obras é impressionante, e muitas delas ainda permanecem desconhecidas para o grande público. Há relativamente poucas gravações, das quais a mais notável são os álbuns produzidos pela Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Polonesa, sob a regência de Gabriel Chmura. Ele deixou para trás 26 sinfonias, 7 concertos, 17 quartetos de corda, 19 sonatas, pelo menos 150 canções, 7 óperas e 2 balés. Ele também deixou 65 partituras para filmes e animações, partituras musicais para teatro e shows de rádio. Muitas delas foram publicadas apenas após a sua morte e hoje aparecem em programas de concerto russos e poloneses e em orquestras de todo o mundo.
Ao longo dos últimos anos, as obras de Mieczysław Weinberg têm desfrutado de um grande interesse. O professor da Academia de Música de Varsóvia, Michał Bristigier, dedicou alguns ensaios e seminários às suas composições, e o musicólogo britânico David Fanning está atualmente trabalhando em uma biografia. O austríaco Bregenzer Festspiele 2010 organizou um simpósio Weinberguiano para acompanhar a estreia mundial de sua ópera "Pasażerka" (A Passageira), baseada na novela de mesmo nome de Zofia Posmysz. Em 2011, a ópera, dirigida por David Pountney, estreou na Ópera Nacional de Varsóvia e Ópera Nacional Inglesa em uma casa cheia e recebendo ótimas críticas. Em 2012, a montagem inglesa foi nomeada para o Prêmio Laurence Olivier, a mais prestigiada premiação britânica na área do teatro.
"Pasażerka" is the first of seven operas by Weinberg, a Polish Jew who escaped from Poland, without his family, to the Soviet Union when the Nazis invaded in 1939. "Pasażerka" is based on the real-life experience of Holocaust survivor Zofia Posmysz, who was imprisoned in Auschwitz during World War II. Posmysz’s book, "Pasażerka" , forms the basis of the libretto by Alexander Medvedev.
Enquanto navega ao Brasil, Lisa, uma ex-oficial da SS de Auschwitz, acredita que vê um ex-detento e confessa o seu passado ao seu marido. Entrelaçadas à história estão as recordações dos tempos no campo de concentração. A ópera de Weinberg foi efetivamente banida da União Soviética e teve a sua estreia em Bregenz apenas catorze anos após a morte do compositor.
Um encontro entre duas mulheres – uma ex-guarda de Auschwitz e uma ex-prisioneira – mergulha ambas de volta ao horror do Holocausto, colocando agressor contra a vítima em uma batalha moral entre a culpa e a negação, castigo e absolvição.
Para saber mais sobre Mieczysław Weinberg, acesse: www.demusica.pl.
Autor: Aleksander Laskowski, Junho de 2010. Tradução: Rafael Dantas
Visite o site Culture.pl/brasil para obter informações sobre os mais interessantes eventos da cultura polonesa que ocorrem no Brasil, e ter acesso a uma grande quantidade de biografias, resenhas e artigos.