Em 1995, Magdalena terminou o curso de interpretação na Escola Superior Nacional de Teatro em Kraków [Państwowa Wyższa Szkoła Teatralna]. Ainda como estudante, estreou no papel de uma criança na peça "Ich czworo" de Gabriela Zapolska, no prestigiado Stary Teatr em Kraków. A sua primeira atuação no cinema, no papel da freira Anna no filme "Pokuszenie" ("Tentação") de Barbara Sass (1995), foi premiada pela melhor interpretação feminina no 20º Festival de Filmes Poloneses em Gdańsk. Nos anos 1995-2001 foi atriz do Stary Teatr em Kraków e entres os anos de 2001-2007 atuou no Teatro Rozmaitości em Varsóvia (teatro que, desde 2003, teve o seu nome modificado para TR Warszawa). Atualmente, é membro da companhia do Nowy Teatr em Varsóvia, dirigida por Krzysztof Warlikowski.
Já no exame de ingresso para a escola de drama, Magdalena impressionou os professores. "Não há necessidade de examiná-la, é uma atriz nata”, foram os pensamentos de Maria Stebnicka, uma das professoras de atuação mais experientes. Desde a sua primeira aparição profissional, no papel de Albertynka na encenação musical da "Operetka" de Witold Gombrowicz (1995), ficou evidente que havia surgido no teatro polonês uma atriz talentosíssima, de personalidade bem definida e sem nenhum receio de correr riscos.
O seu primeiro desafio como atriz foi a vulgar Pam em"Ocaleni"("Saved"), de Edward Bond (1996), peça dirigida pelo israelense Gadi Rolla.
"Os atores conseguiram achar um caminho para descobrir a verdade desses personagens, contribuindo predominantemente para o êxito da peça. Na minha opinião, gostei mais de Pam. Magdalena Cielecka atua como atriz de cinema, por vezes até como se estivesse sob o foco de uma câmera: cuidando das mínimas expressões faciais, da forma dos lábios, faíscas moldadas nos olhos. A atriz sabe se tornar uma garota feia, grosseira, sempre zangada e enraivada reagindo com gritos, histeria e irritação sempre que algo destrói as ilusões de sua protagonista. A sua Pam debate-se como um bichinho ferido e magoado" (Łukasz Drewniak, "Piekło Edwarda Bonda - żadnego wybawienia nie będzie", "Teatr" nº 10/1996).
Logo vieram os papéis interessantes na televisão: Judyta em "Ksiądz Marek" ("Padre Marco") de Juliusz Słowacki (1998), Krysia em "Historia" de Witold Gombrowicz (1999), Violetta em "Gorący oddech pustyni" ("Bafo quente do deserto") de Gustaw Herling-Grudziński (1999), a anoréxica Sandra em "Sandra K." baseado no conto de Manuela Gretkowska (2000) e a Dama em "Letni dzień" ("Um dia de verão") de Sławomir Mrożek (2001).
No entanto, os verdadeiros sucessos, na Polônia e também no estrangeiro, vieram com os papéis em peças produzidas por Grzegorz Jarzyna. O papel principal em "Iwona, księżniczka Burgunda" ("Yvonne, princesa da Borgonha") de Witold Gombrowicz (1997), Candy em "Niezidentyfikowane szczątki ludzkie" ("Restos humanos não identificados") de Brad Fraser (1998), Klara no "Magnetyzm serca" baseado em "Śluby panieńskie" de Aleksander Fredro (1999), Nastásia Filippovna em "Książę Myszkin" ("Duque Myshkin") baseado em O idiota de Fiódor Dostoiévski (2000), Pia em "Uroczystość" (Festen) de Thomas Vinterberg e Mogens Rukov (2001). Cada uma das atuações é completamente distinta, merecendo uma descrição particular. Cada atuação é, também, formalmente perfeita e, ao mesmo tempo, impregnada de emoção.
"Há, nas mulheres de Cielecka, uma pertinência em ser linda, distinta, além de uma outra teimosia, a mais poderosa, a de ter independência. Cielecka tem o aspecto físico das atrizes de Bergman, mas atua de maneira moderna, utilizando contrastes acentuados, impulsos de tensão e de emoções. Aos estrondos e crepitações neuróticas seguem-se momentos de silêncio. Suas protagonistas não se defendem do espectador atrás de um muro, mas atacando em defesa... Atua com dinâmica, irritando e perturbando com a sua presença no palco ou na tela do cinema, assim como antes o fazia Krystyna Janda. Porém, ao contrário da jovem Janda, Cielecka não se esquece do perigo de ser rotulada, portanto vai escapando do seu repertório, experimentando com a sua corporeidade" (Łukasz Drewniak, "Kobieta na skraju", "Przekrój" nº 37, 16 de setembro 2001)
Magdalena Cielecka criou um papel esmagador na peça "4.48 Psychosis" de Sarah Kane dirigida por Grzegorz Jarzyna (coprodução do Teatro Rozmaitości em Varsóvia e do Teatro Polski em Poznań (2002). Apresentou um estudo perfeito de autodestruição, um declínio lento em direção à morte. No palco do Teatro Rozmaitości em Varsóvia, continuou a colaboração com Krzysztof Warlikowski onde, em 1999, interpretou Ofélia em "Hamlet" de Shakespeare e, em 2003, Ariel, o rebelde trágico da Tempestade ["Burza”], também de Shakespeare. Em "Dybuk " de Szymon Anski e Hanna Krall (2003), interpretou Lea e a mulher de Adão S., mostrando uma profunda e espiritual dimensão do amor. Recentemente, no teatro de televisão, a atriz podia ser vista nos papéis de Elmira em "Tartufo, ou o Impostor” dirigido por Andrzej Seweryn (2002) e Michelle em "Komedia na dworcu"("A comédia numa plataforma ferroviária") de Samuel Benchetrit, dirigido por Witold Adamek (2004). Atuou também em "Piaskownica" ("Caixa de areia") de Michał Walczak , dirigido por Dariusz Gajewski (2005) e retratou com excelência Stella em"Kolekcja" ("O acervo") de Harold Pinter, no espetáculo de televisão dirigido Marcin Wrona (2006).
Após o sucesso de"Pokuszenie” ("Tentação") , Magdalena esperou algum tempo até assumir novos papéis interessantes no cinema. Em "Amok" ("O transe"), de Natalia Koryncka-Gruz (1998), interpretou uma mulher fatal no recém-surgido mundo dos corretores da bolsa da Polônia. No filme seguinte de Barbara Sass, "Jak narkotyk" ("Como uma droga", 1999), atuou no papel de uma sensível poetisa sofrendo de uma doença fatal. Na comédia romântica de Piotr Wereśniak, "Zakochani" ("Os namorados", 2000), protagonizou uma linda e maquiavélica devoradora de homens que vivia à custas das emoções dos outros; em "Egoiści" ("Os egoístas"), de Mariusz Treliński (2000), interpretou uma suicida malsucedida; interpretou uma mulher com a sua mesma idade e emocionalmente perdida em "Listy miłosne"("As cartas de amor") de Leszek Wosiewicz (2001). Em "Trzeci" ("O terceiro"), de Jan Hryniak (2004), um filme sobre um casal jovem que tenta salvar a relação, interpretou Ewa, enquanto o papel de seu marido, Paweł, era protagonizado pelo ator Jacek Poniedziałek. Em "S@amotność w sieci" de Witold Adamek (2006) atuou mais uma vez no papel de uma mulher casada de trinta anos, aparentemente bem-sucedida, também chamada Ewa que, na busca de afeto, aproxima-se cada vez mais da traição. Ela também atuou nos papéis principais de Hanna von Bronheim em "Chaos" ("Caos") de Xawery Żuławski (2005), Emilia em "Po sezonie” de Janusz Majewski (2006), Hanna em "Palimpsest" de Konrad Niewolski (2006), Agnieszka, irmã do tenente Baszkowski, em "Katyń" de Andrzej Wajda (2007) e Joanna em "Wenecja" de Jan Jakub Kolski (2010). Em dezembro de 2015, estreou o filme de fantasia musical de Agnieszka Smoczyńska "Córki dancingu" premiado no prestigiado festival de cinema de Sundance, onde Cielecka apareceu no papel de uma entertainer com o pseudônimo de Peles Divinos.
Os diretores costumam enfatizar a sua capacidade extraordinária de transformação, de união total com a personagem que lhe cabe interpretar, além do seu grande empenho e atitude aberta.
"Sempre nos surpreendia com sua habilidade de concentrar-se", admite Barbara Sass. "Não só se identifica imediatamente com o papel, mas penetra totalmente na verdade de sua personagem. Ela sabe interpretar o texto mais difícil, o diálogo mais improvável, não importa se está atuando como uma princesa ou o patinho feio" ("Marie Claire" nº 8/1999).
Vale a pena mencionar outras atuações teatrais de Magdalena Cielecka, como Natasha de "Trzy siostry" ("As três irmãs") de Anton Tchekhov, na peça de Natasha Parry e Krystyna Janda no Teatro Polonia (2006); Julia de "Upadłe Anioły" ("Os anjos caídos") no Och-Teatr (2014); Emily e o Anjo na excelente montagem de "Anioły w Ameryce" ("Os anjos na América") de Tony Kushner dirigida por Krzysztof Warlikowski (TR Warszawa, 2007); e Senhora, em "Kobieta z zapałkami" ("A senhora dos fósforos") dirigida por Aleksandra Konieczna (Teatr Narodowy em Varsóvia, 2012). Pode-se incluir ainda as suas atuações nas peças "(A)polônia", "Koniec"("O fim") e "Francuzi"("Os Franceses"), dirigidas por Krzysztof Warlikowski (Nowy Teatr) e em "Dzienniki”, baseado nos diários de Witold Gombrowicz e dirigidos por Mikołaj Grabowski (Teatr IMKA).