Borczuch nasceu no dia 2 de junho de 1979 em Cracóvia. Formou-se pela Faculdade de Artes Gráficas da Academia de Belas Artes de Cracóvia e pela Faculdade de Direção da Escola Estatal Superior de Teatro em Cracóvia. É bolsista do programa The Rolex Mentor and Protégé Arts Initiative para os jovens artistas mais talentosos de todo o mundo. Realizou a maioria dos seus espetáculos no Teatr Stary de Cracóvia, teatro TR Warszawa e Teatr Polski de Wrocław.
Ao longo dos estudos de direção dramática, foi assistente de Kazimierz Kutz na encenação da peça "Pieszo" (A pé) de Sławomir Mrożek no Teatro Stary (2003) e de Paweł Miśkiewicz no espetáculo "Niewinne" (Inocência) de Dea Loher (2004), em que participou também como ator. Seu primeiro espetáculo independente foi a peça "KOMPOnenty" (COMPOnentes) de Małgorzata Owsiana, encenada em 2004 durante o Fórum Intermídia do Teatro baz@rt. O texto foi criado com base nas conversas de Owsiana com jovens viciados em drogas. No seu espetáculo, Borczuch não se focou na análise sociológica do vício nem na sua avaliação ética. Em vez disso, procurou mostrar relações e mecanismos que funcionavam dentro de um grupo pequeno de pessoas conhecidas e que emergiam de conversas ininterruptas, enredos descontínuos, momentos de improvisação dramática.
"O quadro respira verdade, embora a estrutura do espetáculo seja bastante frouxa (...)" - escreveu sobre espetáculo Joanna Targoń ("Gazeta Wyborcza - Kraków" 2005, nº 21).
"KOMPOnenty", a peça para a qual Borczuch, juntamente com Anna Maria Karczmarska, tinha preparado também a decoração, entrou no repertório do Teatr Stary.
No mesmo palco do Teatr Stary, Borczuch encenou também o seu espetáculo seguinte, "Wielki człowiek do małych interesów" (Pequeno homem para grandes negócios) de Aleksander Fredro (2005). Nele, Borczuch desempenhou um duplo papel - de diretor e cenarista. O diretor dividiu a comédia oitocentista em cenas e situações e a transferiu para um tempo presente, encenando-a em espaços claustrofóbicos. Em vez de se concentrar no elemento cômico, ele procurou descobrir nos personagens de Fredra algumas banalidades de caráter nem tanto divertidas. Ele esforçou-se em mostrar a inércia das relações inter-humanas e um certo desajeitamento interno. Como anotou Łukasz Drewniak, Borczuch quis realizar uma "jam session" acerca da chatice da adolescência provinciana. ("Przekrój" nº 41, 2005).
Na sua realização seguinte, "Leonce e Lena" de Georg Büchner, encenada no Teatr Dramatyczny de Varsóvia (2007), foram ecoadas ideias similares. O texto auto-irônico do romântico alemão referente aos jovens da sua idade, transformou-se na interpretação de Borczuch de um retrato desolador dos jovens na casa dos 20 anos. Os personagens procuram dotar sua vida de algum sentido, mas permanecem escravos de estereótipos, copiam inconscientemente vários clichês de comportamento.
Lulu, Werter e Dorian Gray
No mesmo ano, Borczuch encenou no Teatr Stary "Lulu" de Frank Wedekind, que conta a história de uma prostituta juvenil. Pela primeira vez na Polônia foi exibida a versão sem censura do drama de Wedekind, revelada só no ano de 1988. Borczuch não teve a intenção de ostentar a obscenidade. Construiu um espetáculo que balanceou entre comédia e tragédia, em que Lulu mostrava o seu drama de uma maneira fria e distanciada.
"A versão primária de 'Lulu' revela uma consonância surpreendente com os problemas atuais; Borczuch procura, porém, transferir a discussão do nível ensaístico ao patamar do debate ético e existencial. Faz isto, antes de tudo, em relação a um dos tópicos mais importantes do drama - a pedofilia" - escreveu Anna R. Burzyńska. - "(...) O espetáculo de Borczuch é uma tentativa de analisar tanto a dimensão individual como a social da sexualidade " ("Tygodnik Powszechny" 2007, nº 44).
Em 2009, no teatro TR Warszawa, Borczuch preparou a sua versão de "O retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde. Criou um espetáculo com referências à cultura popular, que tratava do desejo da eterna juventude, do hedonismo, narcisismo e da perversão insana. No mesmo ano, realizou no Teatr Stary em Cracóvia o espetáculo "Werther", baseado no romance de Goethe e muito bem recebido pelos críticos. Um deles, Łukasz Drewniak, afirmou nas páginas da revista "Przekrój":
"Borczuch, que eu adoro, fala com sagacidade sobre a nossa tendência de complicar o que é natural. Primeiro, ele fala sobre Werther com leveza. Emaranha o triângulo amoroso, esboça retratos divertidos de provincianos que moram na região, escolhida pelo personagem como o seu destino final. Mais adiante, a história torna-se cada vez mais sombria. A trama amorosa revela-se importante. O amor sempre encobre alguma coisa. (...) Na cena-chave do espetáculo, Borczuch exibe na tela atrás dos atores um filme que mostra crianças brincando despreocupadamente num prado cracoviense. No fundo, vê-se chaminés da usina termoelétrica Łęg lançando fumaça. Contemplamos esta imagem por longo tempo (...) e então, de repente o diretor manda os maquinistas retirarem a tela e destruirem o jardim da inocência. Exibem-se aos olhos dos espectadores as entranhas do teatro que há pouco nos iludia com o amor e a beleza da natureza. Será que é o fim de qualquer ilusão? Não, pois no lugar de uma ilusão que acaba de morrer, Borczuch coloca uma outra, mais esplêndida ainda! (...) A grande nuvem de asbesto que aparece acima das cabeças dos atores é um dos objetos mais belos que eu já vi no teatro! Parece um algodão-doce descendo do céu. Uma nuvem leve, levinha, mas um tanto densa demais para ser uma nuvem verdadeira.(...) É de morrer de felicidade. Amo Katarzyna Borkowska, a maior cenarista polonesa!."
Borczuch, considerado um dos criadores de teatro mais talentosos da nova geração, colaborou também com o Teatr Polski de Wrocław, onde realizou "Hans, Dora i Wilk "(Hans, Dora e o Lobo), peça inspirada no pensamento de Freud. A sua produção mais recente é "A Branca de Neve", encenada no Estábulo de Cavalos Książ em Wałbrzych, cuja ação se desenrola numa estação de pesquisa na Antártica.
Estreia em Duesseldorf e Veneza
2012 é também o ano da estreia de Michał Borczuch no palco de Schauspielhaus em Duesseldorf, onde apresentou ao público alemão um espetáculo inspirado no badalado livro de Svetlana Aleksiévitch "A guerra não tem rosto de mulher".
Em 2012, foi indicado ao prêmio Paszport Polityki pela "sensibilidade que lhe permite criar mundos teatrais excepcionais, pouco usuais, surpreendentes, mas sempre muito pessoais, assim como por um método único de trabalho com o ator que resulta em criações que beiram a palhaçada e a um exibicionismo tocante. Este ano, valorizou-se a defesa da posição de personagens débeis. Borczuch inquieta pela emocionalidade latente do seu relato. O efeito da ambiguidade que ele obtém no trabalho com atores e com a imagem cênica não tem igual, mesmo que o seu estilo de escrita pareça ostensivamente descuidado. Não estabelece alianças fáceis com o público. Gosta de o desorientar, sempre pronto em arriscar uma rejeição".