Robert Czajka formou-se em artes plásticas pela Faculdade de Pintura da Academia de Belas Artes de Varsóvia. Nos seus quadros, ele compõe grandes planos coloridos, criando paisagens estáticas. O artista escolhe como temas as cenas banais do cotidiano, como por exemplo uma tarde na chácara, cria cenas quase de gênero, cujo caráter arquetípico fica sublinhado mais ainda pelo minimalismo de meios de expressão aplicados: falta do claro-escuro, redução de formas a blocos quase geométricos.
A viagem nostálgica do artista à época comunista teve como fruto o projeto "Papierowe miasto" (Cidade de papel). O que deu o primeiro impulso ao projeto foi o fascínio de Czajka pelo chamado cubo dos tempos da República Popular da Polônia (RPP), ou seja, uma casa em forma de cubo, um elemento constante na paisagem das cidades polonesas daquela época.
"Num certo momento, esta simplicidade rústica me pareceu muito interessante (...) Por muito tempo, estive pensando o que eu de fato poderia fazer com isso. Eu acho isso muito bonito. (...)"
- afirmou Robert Czajka num encontro no Museu da Arte Moderna.
O seu próximo passo foi transformar a forma do cubo. Focado na simplicidade das formas, Czajka reduz ainda mais as silhuetas das casas, resumindo-as aos elementos mais característicos – as linhas sugerem o esboço do telhado de chapa ondulada, uma mancha escura imita uma janela retangular.
A cidade de papel é composta por três conjuntos separados. Cada um deles contém quatro folhas de papelão ondulado, adequadamente cortadas a fim de possibilitar ao utilizador montar os blocos sem a necessidade de usar tesoura ou cola. Czajka escolhe, com grande habilidade, os elementos característicos da paisagem dos tempos da RPP, tais como os murais ou estampas pintadas nos ônibus. AtravésNas de suas mãos, eles ficam dotados de um certo frescor. O conjunto azul-vermelho inclui casas típicas, uma chafariz e um ônibus, o verde-amarelo - um mercado e uma estação ferroviária e o terceiro, o mais móvel, mantido em tons de roxo e cor-de-rosa, reproduz o clima de hotéis à beira da estrada e postos de gasolina. Os três conjuntos compõem um espaço esteticamente consistente. O projeto foi feito unicamente de materiais reciclados.
Uma ideia parecida foi realizda por Czajka na série "Zwierzęta" (Animais), feita em papelão, mas ao mesmo tempo resistente e bem fácil de montar. A paleta de cores bem pensada, com prevalência de vermelho e roxo, resulta num projeto agradável, mas não naif. As figuras simplificadas e geométricas de animais lembram um pouco os brinquedos folclóricos. Czajka brinca também com várias figuras, introduzindo no seu bestiário uma pitada de humor surreal. Uma hiena pintada fica ao lado de um urso multicolor e de uma tartaruga que carrega nas costas uma tábua de xadrez.
Robert Czajka é também cofundador da revista infantil intitulada "Czarodziejska kura" (Galinha Mágica), uma iniciativa desenvolvida no nicho do mercado editorial junto com Łukasz Kaniewski, que relembra os inícios do projeto da seguinte maneira: "Compus alguns poemas, liguei para Czajka e ele fez um projeto bem original da revista" (znak-zorro-zo.blogspot.com). Os elementos característicos do estilo de Czajka podem ser notados também neste trabalho: cores singelas, poética de formas simples e geométricas. "Czarodziejska kura" recebeu o prêmio Gwarancja Kultury (Garantia da Cultura) e a medalha de prata em European Design Awards.
março de 2015, tradução: Magdalena Walczuk
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