Nos anos 1995-96 estudou na School of the Art Institute of Chicago (SAIC). De 1997 a 2000 estudou pintura e artes gráficas na Academia de Belas Artes em Gdańsk. Foi bolsista da Academia Real de Belas Artes em Haia (1988), do Centro de Arte e Comunicação Visual (Arco) em Lisboa (1998/1999), e do Center of Contemporary Art em Kitakyushu (1999/2000) e Rijksakademie van Beeldende Kunsten em Amsterdam (2001/2002). Mora e trabalha na vila Raba Niżna.
Um traço caraterístico da obra de Ołowska é a síntese de artes, a utilização de meios tão diferentes, como pintura, colagem, instalação, performance, moda ou música, o que lhe permite atingir uma palheta de impressões artísticas excepcionalmente rica.
Visão romântica da arte
A obra de Ołowska vai constantemente evoluindo em função das vivências e fascinações que a artista experimenta no dado momento. A caraterística comum de suas obras é uma visão romântica da arte como um veículo de utopias positivas e a crença na capacidade de mudança do mundo mediante a arte. A artista interessa-se por utopias artísticas do modernismo encontradas nos princípios da escola de Bauhaus (projeto "Bauhaus Yoga", 2001), no mundo de construtivistas russos ("Abstrakcja w procesie", Abstração em processo, 2000), as buscas artísticas da vanguarda europeia dos primórdios do século XX.
Ołowska busca inspiração também na arte dos anos 60 e 70 ("Na wiosnę" [Na primavera], 2000). Durante uma bolsa de estudo em Portugal, pintou uma série de quadros com temas referentes às fotografias da moda encontradas na revista "Ty i Ja" (Você e eu), um magazine de referência dos jovens intelectuais poloneses nos anos 60 que, segundo a artista, promovia uma imagem otimista do futuro que faz tanta falta hoje em dia.
As fotografias publicadas na "Ty i Ja" seduziram a artista com sua atração visual. Nos quadros da série "Na wiosnę" aparecem mulheres e moças jovens contemplando com saudade algo distante, com vestidos leves e fitas no cabelo. As silhuetas finas e delgadas parecem a essência da feminilidade enquanto os cabelos soltos voando no vento proporcionam às figuras leveza e frescor.
Em 2002, Ołowska realizou o projeto de um outdoor para a Zewnętrzna Galeria AMS (Galeria outdoor AMS). Na fotografia, mantida no ambiente campestre, vemos a artista num dia de sol debaixo de uma árvore e a frase: "Cu vi parolas Esperanton?" (Falas esperanto?). A língua internacional esperanto é mais uma utopia positiva pela qual Paulina Ołowska se fascinou. É um sonho de um mundo sem fronteiras, livre de desigualdades, dominação e etnocentrismo
No mesmo ano, Ołowska realizou o projeto individual "Romansując z awangardą" (Namorando a vanguarda), na Państwowa Galeria Sztuki (Galeria Nacional de Arte) em Sopot, que consistia em organizar e expor as obras de vários artistas adquiridas há algum tempo e guardadas no armazém da galeria juntamente com a pintura mural da própria Ołowska. Assim foi criado um arranjo do espaço interessantíssimo onde as estéticas esquecidas encontravam-se com a arte contemporânea.
Paulina Ołowska encaixa-se de maneira perfeita no universo de reconstrução, reprodução e referências às antigas estéticas “modernas”. Evoca o espírito daqueles tempos não só nas suas pinturas e colagens, mas também reconstrói situações passadas por completo.
Em 2003, junto com a artista escocesa Lucy Mckenzie (com quem colabora regularmente) organizou e gerenciou durante um mês um salão de café chamado "Nova Popularna" na rua Chmielna no centro de Varsóvia. A ideia do projeto era reviver os locais da moda onde se encontravam os boêmios de Varsóvia. Como recorda a própria artista:
"Toda a 'Nova Popularna' era como um roteiro de sonho, onde as empregadas de balcão, os clientes e o interior estavam unidos para trazer da memória um quadro pós-impressionista ou um local de encontro da vanguarda".
Não houve promoção antes da abertura da cafeteria, a notícia dele passou de boca em boca e depois de quatro semanas de funcionamento desapareceu tão depressa como tinha surgido. Além dos eventos artísticos, lá aconteceram discussões, confrontara-se opiniões, organizaram-se encontros sociais. A decoração do interior folclórico-futurista, embebido de nostalgia foi obra das duas artistas, daí a presença dos elementos do movimento escocês Arts and Crafts. Dos eventos artísticos tomaram cuidado os curadores da fundação Fundacja Galerii Foksal, sob patrocínio da qual foi realizado o projeto.
Tributo a mulher modernista
Em 2004, Ołowska apresentou no Kunstverein Braunschweig o projeto intitulado "Sie musste die Idee eines Hauses als Metapher verwerfen", que também tinha sido preparado em colaboração com Lucy McKenzie. O trabalho foi concebido como um tributo prestado à mulher modernista. Ołowska construiu toda a instalação em torno do conto Desky Maidens escrito por McKenzie e gravado como uma trilha sonora. Num estilo irônico e trágico, o conto narra a história de duas mulheres, uma pintora e uma arquiteta, que tentam conciliar a vida e a arte e realizar as ideias utopistas. A gravação dessa história acompanhava os visitantes e foi dividida em dez capítulos correspondentes aos dez espaços em que foi apresentada a exposição
Na maior sala, Ołowska colocou retratos enormes de mulheres famosas: Djuna Barnes, Virginia Woolf, Vanessa Bell, Nina Hammett e Charlotta Perriand. Todo o interior da Kunstverein encheu-se de pinturas, colagens, murais, modelos arquitetônicos e outros frutos da criatividade feminina que formavam camadas significativas complexas para a leitura do texto literário que acompanhava a exposição. Ołowska frequentemente traça nas suas pinturas, colagens e projetos maiores, as formas interessantes de utopias abertas, repletas de nostalgia, pensamentos sobre a história de arte, cultura e costumes.
Entre outras 'reproduções', vale a pena mencionar o trabalho de Ołowska na exposição "Architektura płci" (Arquitetura do sexo) em 2003 em Nova Iorque onde a artista criou um salão artístico modernista onde a estrela era Charlotte Perriand, a companheira da vida e colaboradora de Le Corbusier. Já na instalação "Metamorfozy" (Metamorfoses) do ano 2005, apresentada no Museu Abteiberg, Ołowska reconstruiu o interior de um salão de cabeleireiro dos anos 20 do século XX.
Em 2006, a artista foi convidada pelo Centrum Sztuki Współczesnej Zamek Ujazdowski (Centro da Arte Contemporânea Castelo Ujazdowski) para reproduzir o evento artístico social do ano de 1968, um baile conhecido sob nome "Pożegnanie wiosny" (A despedida da primavera) em Zalesie. "Bal w Zalesiu" (O baile em Zalesie) foi organizado pelas pessoas ligadas à Galeria Foksal: Anka Ptaszkowska e Edward Krasiński, e fotografado por Jacek M. Stokłosa. De certa forma, o evento foi uma tentativa de se afastar, fugir das tensões da época para o universo da fantasia artística. Ołowska realizou o projeto junto com Joanna Zielińska, criando o espaço para os fins das apresentações dos materiais documentais de "Pożegnanie wiosny".
Neons
Um dos elementos mais característicos das ruas de Varsóvia eram, ainda há pouco, neons dos anos 50, 60 e 70. O surgimento do capitalismo na Polônia depois do ano 1989, junto com propaganda comercial cada vez mais agressiva, provocou o desaparecimento dos antigos, característicos e originais neons que contribuíam para criar o ambiente único de Varsóvia. Um dos poucos que se manteve, embora sem funcionar, fica na praça Konstytucji e costumava ser propaganda da Dom Sportu (Casa do esporte). A "Siatkarka" (A Voleibolista) foi projetada em 1961 pelo artista gráfico conhecido em Varsóvia, Jan Mucharski. Paulina Ołowska, cooperando com a fundação Fundacja Galerii Foksal (FGF), encontrou um método para recuperar o antigo neon. Com o dinheiro da venda dos seus trabalhos expostos na FGF, financiou a sua renovação e conseguiu o seu relançamento em 19 de maio de 2006.
Neste mesmo ano, no âmbito do projeto "W samym centrum uwagi" (No foco da atenção) realizado no CSW Zamek Ujazdowski, Ołowska apresentou o trabalho "Rainbow Brite". Era uma instalação construída em torno do filme cult dos anos 80 "Neverending Story". Durante 24 horas foram apresentadas por cinco projetores cinco diferentes variantes linguísticas do filme. Todo o interior da galeria foi decorado em branco (cortinas, assentos e materiais). As projeções eram acompanhadas pelos cartazes de vários países com serigrafias em branco de Ołowska inspiradas pelo enredo. Um elemento importante da instalação era o parecer legal em defesa do uso “ilegítimo” das imagens pela artista (Ołowska propositadamente não pediu licença aos titulares dos direitos do filme) que propunha um entendimento mais liberal dos direitos de autor no domínio de arte.
Em 2006, na Cabinet Gallery, Ołowska apresentou uma série de nove pinturas com o título único "Hello to You Too", que tinham como tema o elogio da sensualidade feminina. Numa das obras, chamada de "Pauline Body Acts Out One of Her Paintings for a Popular Newspaper" a artista homenageou o pintor inglês da Pop Art criticado pelas referências sexuais implícitas que fazia nas pinturas.
Em 2007, Ołowska apresentou suas obras na galeria Metro de Nova Iorque, na exposição intitulada "Nowa scena" (Nova cena). A exposição era composta de 20 colagens de grande formato inspiradas pela cena de punk rock polonês dos anos 80. Na criação destas obras, Ołowska colaborou com Robert Jarosz que lhe disponibilizou o seu vasto arquivo. O pano de fundo para os cartazes de punk rock nas colagens de Ołowska são os elementos expressivos que dizem respeito à realidade dos anos 80: recortes de jornais, capas de revistas e fotos de modelos que apresentam a moda da daquele momento histórico. Suas colagens dizem respeito, em termos de estilo (tipografia, cores) às obras dos construtivistas e aos métodos de criação de fanzines da época.
Naquele mesmo ano, Ołowska realizou o projeto "Uwaga malarstwo" (Atenção, pintura), dedicado a Elsie Schiaparelli, uma estilista dos anos 20. O projeto constava de oito pinturas, entre quais algumas feitas na escala gigantesca, mostrando trajes femininos desenhados por Schiaparelli e esculturas com roupas independentes.
Stryjeńska e Szapocznikow
Mais uma artista do passado reivindicada por Ołowska era Zofia Stryjeńska. Na 5ª Bienal de Berlim (2008), foi apresentada a instalação inspirada pela obra de Stryjeńska, onde Ołowska reproduziu em preto e branco aumentando à escala monumental cinco pinturas de Stryjeńska do período inicial de sua carreira, quando se fascinava pelos eslavos e seu folclore. As pinturas vinham acompanhadas por uma variedade de objetos fabricados mecanicamente e decorados com motivos de autoria de Stryjeńska junto com uma documentação histórica sobre a pintora.
Como Ołowska afirmou numa das entrevistas:
"Fiquei interessada instantaneamente pela biografia artística de Stryjeńska, na qual retrata sua fascinação pelo folclore e cultura popular e quando e por consequência, cria sua própria visão dos eslavos, muito complexa e profunda. Um aspecto interessantíssimo dessa pintura é também um certo traço caricaturesco das figuras de homem e mulher, a amplificação das características femininas e masculinas, destaque na vitalidade, juventude e erotismo."
Na área de interesse de Ołowska, que com frequência volta ao assunto de artistas femininas, não pôde faltar o vulto de Alina Szapocznikow. Os trabalhos de Ołowska encontraram-se na exposição "Niezgrabne przedmioty" (Objetos desajeitados) no Muzeum Sztuki Współczesnej w Warszawie (Museu de Arte Moderna em Varsóvia) consagrada à escultora polonesa. As colagens ("Zbieranie czereśni" [Colheita de cerejas], 2009; "Odliczanie przemocy"[Contagem da violência], 2009) e pinturas "Alina w pracowni" [Alina no ateliê ], 2000-2001; "Szkic do obrazu 'Brzuch' ", - Um esboço para a pintura O ventre, 2005) inspirados pela personalidade e pela arte de Szapocznikow referem-se aos motivos de cultura pop e de erotismo explicitas nos seus trabalhos.
Em 2009, Ołowska foi convidada pelo Camden Arts Centre de Londres para realizar um projeto original de uma exposição coletiva intitulada "Head-Wig". A inspiração para o conceito da exposição foi uma associação pessoal inesquecível ligada à pintura de Józef Mehoffer "Portret żony na żółtym tle" (Retrato da mulher no fundo amarelo) de 1907, que se encontra no Museu Nacional em Varsóvia. Ołowska recorda que olhando para aquela obra via ora um retrato de uma dama de chapéu de pele elegante, ora um monstro com olho dourado.
A exposição "Head-Wig" contou sobre a “polivalência da percepção” e propunha um tipo de excursão para dentro da subconsciência. Participaram 12 artistas (Jarosław Bauć, Simon Ling, Nina Könnemann, Elka Krajewska, Ken Okiishi, Paulina Ołowska, Mathilde Rosier, Cindy Sherman, Catherine Sullivan, Cathy Wilkes, Katharina Wulff e Jakub Julian Ziółkowski), as obras dos quais Ołowska justapôs conforme um código narrativo subjetivo próprio, levando a seu confronto recíproco num espaço comum onde o estereotípico se tornava surrealista e o comum se tornava extraordinário. Essa “polivalência da imagem” que pode ser vista como um retrato, se revelou na exposição de como em um gabinete de espelhos governado pela ilusão, sugestão e associações.
Terminado o período de bolsista em Berlim, Paulina Ołowska organizou a exposição "Ceramics and other things" (2009) para a qual tinha convidado a artista americana Sarah Crowner. O projeto comum tinha por assunto o potencial criativo pelo meio tradicional que é cerâmica. Cada uma das artistas tratou o material da maneira própria. Crowner construiu duas composições abstratas usando azulejos produzidos de vários tipos de barro enquanto Ołowska aproveitou da cerâmica como uma matéria-prima para examinar as capacidades das técnicas de pintura.
"Estou consciente que em Berlim existem tantas histórias que resolvi focar num conto sobre a forma. Frequentemente, nos meus trabalhos, me refiro ao modernismo que tem como um de seus aspectos a união das artes aplicadas e da arte erudita" - explicou.
A artista pintou os azulejos de vários tipos de barro, vidrados, com motivos abstratos e figurativos e usou-os para compor instalações de colagens minimalistas. O que importav para ela era a superfície plana dos azulejos, sua textura e a variedade de formas. Na galeria, as obras das duas artistas foram expostas juntas, em plataformas longas, um pouco semelhantes às passarelas de desfiles de moda e iluminadas por lâmpadas industriais. Os elementos particulares das composições eram móveis o que sugeria a possibilidade de rearranjamento.
As variadas formas do enunciado artístico utilizadas por Paulina Ołowska, como desenhos, colagens, pinturas, modelos arquitetônicos, instalações e vídeos, são todas regidas pelo mesmo princípio de montagem, justaposição e confronto. Em 2009, numa exposição na galeria Metro Picture em Nova Iorque, dedicada à noção moderna de mobilidade, Ołowska exibiu cinco trabalhos grandes em forma de colagens. Neles, podia-se reparar o motivo autobiográfico da viagem de noivos num Volkswagen conversível sob um enorme guarda-sol aberto.
Na obra principal daquela série "Car Mobile Collage", um Volkswagen está rodeado por imagens, números e letras. Entre elas, vemos um formulário da declaração do IRPF, o autorretrato de Ernst Ludwig Kirchner e logotipos de bandas de punk rock polonesas, Brygada Kryzys e Kosmetyki Mrs. Pinki. A artista utilizou nas colagens as fotografias, recortadas de revistas que foram depois impressas usando-se a técnica de litografias, cortadas de novo e compostas originando-se novas colagens para novas litografias na tela e no papel, cujas superfícies foram adicionalmente elaboradas com folha de plástico, lápis, cola e fita adesiva.
"Quis verificar se era possível reforçar o efeito criado pela imagem através da reprodução e montagem. Como pode-se dar um significado novo utilizando essas técnicas. Já conhecemos os métodos da Pop Art, mas o meu trabalho é muito mais subjetivo do que o da maioria daqueles artistas" - conta Paulina Ołowska.
Estas obras referem-se a escultura "Mobile Car" (2006-2009) de Ołowska – uma grande estrutura de aço semelhante aos móbiles de Calder.
Moda dos tempos do regime comunista
Um ano mais tarde, na mesma galeria, Ołowska apresentou numa exposição individual intitulada "Applied Fantastic" (conceito de Leopold Tyrmand de 1954 para descrever a adaptação dos estilos ocidentais pelos habitantes dos países comunistas), uma série de quadros, colagens e camisolas de lã inspiradas por cartões postais que mostravam modelos com trajes feitos de lã fantasiadas e que podiam ser fabricados em casa com tricô. "Klaun"(Bobo) "Cardigan Smerk", "Torcik", (Tortinha) "Pszczoła" (Abelha) são títulos da série que a artista chamou de "antimoda, moda". Apresentados num espaço separado da galeria, os quadros formavam uma sequência de retratos pintados ao estilo Pop Art.
Os trajes de lã de Ołowska possuem traços distintos da roupa característica para as mulheres dos países do leste europeu, fascinadas pela moda do Oeste. A artista continua o tema de fascinação pelo consumismo ocidental na Polônia comunista, bem apresentado em suas obras como o ar da moda do outro lado da cortina de ferro. As camisolas de lã únicas foram encomendadas por Ołowska à tricotadeiras de sua região de origem, Raba Niżna, no sul da Polônia.
Há alguns anos, Ołowska interessa-se pelos neons, sua estética e poética. Em 2009, durante o festival Musica Genera, construiu junto com Anna Zaradny a instalação sonora para o Muzeum Sztuki Nowoczesnej (Muzeu de Arte Moderna) em Varsóvia. A obra das duas artistas pode ser descrita como um “neon que fala”. Ołowska, a autora do neon pendurado na sede do MSN, gravou som por som da palavra muzeum (museu). A sua voz reproduzida na fita convidava e ao mesmo tempo intrigava os transeuntes. A artista tem também planos para a recuperação de outros neons e depois da "Siatkarka" (a Voleibolista) de Varsóvia será a vez da famosa vaca piscando o olho que costumava promover a leiteria na rua Krucza
No outono de 2010, no telhado de um posto de gasolina antigo na cidade austríaca de Graz, apareceram, graças a Ołowska, três réplicas de neons de Varsóvia: a vaca que pisca o olho, umas bonecas russas e um ramo de flores. Foram reconstruídos (a partir da documentação original) pela empresa Reklama, a mesma que os tinha produzido nos anos 60 do século passado. A apresentação dos neons era acompanhada por uma performance onde um dos funcionários da Reklama lia em voz alta os títulos de todos os 1617 neons antigos produzidos pela empresa em Varsóvia.
Em 2010, a artista foi convidada pelo Wattis Institute for Contemporary Art em São Francisco para uma estada residencial (Capp Street Project) no âmbito do programa trienal realizado por aquela instituição sob o nome The Magnificent Seven. Lá a artista colaborou com um grupo de estudantes, criando os “auto-retratos extravertidos”, isto é, auto representações baseadas em objetos cuidadosamente selecionados e ideias tiradas das fábulas, mitos e contos. Assim construídos, os personagens se parecem com musas, de onde a artista concluiu o projeto com o evento de nome misterioso "Sesum fo L'lab" (o título "Ball of Muses" ao revés) – um baile à fantasia durante o qual, usando trajes, som, performances e intervenções esculturais, os estudantes, juntamente com Ołowska, apresentaram suas fontes de inspirações na realização do projeto.
Em 2014, a artista recebeu o prestigioso Kunstpreis Aachen Award, sendo a segunda pessoa de origem polonesa a recebe-lo (o primeiro, Paweł Althamer, recebeu Kunstpreis Aachen Award em 2010). Na ocasião, Ołowska preparou a exposição "Needle / Nadel" no Ludwig Forum em Akwizgranie (2015), o título fazia referência à história do edifício e aos produtos artesanais lá fabricados. Ludwig Forum, uma antiga fábrica do maior produtor de guarda-chuvas da época, com sala central onde trabalhavam mulheres, hoje é um dos mais importantes lugares no mundo onde se exibe a arte internacional.
Naquele contexto industrial, as obras de Ołowska se referiam ao artesanato, trabalho e ao momento frágil da criação de uma obra de arte. A exposição no Ludwig Forum oferecia assim, a introspeção para alguns motivos característicos usados pela artista como feminismo, moda, nostalgia crítica e interpretação da história.
A exposição revelava fragmentos do processo de criação da obra de arte. Nos trabalhos apresentados, Ołowska combinou muitas vezes por aparência incompatíveis, vários materiais onde sua pintura e esculturas se fundem com materiais encontrados, obras artesanais e restos da produção de fábrica. Aproveita elementos de baixa e alta qualidade, combinando nas suas esculturas fragmentos de mármore, metal e tapeçarias dos anos 60. A exposição no Ludwig Forum demonstrava lacunas e produtos secundários de uma obra em processo.
O encanto de Varsóvia
Em 2014, foi aberta a primeira ampla apresentação da obra de Ołowska na Polônia. Na exposição "Paulina Ołowska. Czar Warszawy" (Paulina Ołowska. O encanto de Varsóvia) na Galeria Zachęta em Varsóvia encontraram-se trabalhos realizados na última década: pinturas, esculturas, cenografias, instalação, neons, montagens, desenho, colagem, malha e uma instalação especialmente preparada para Zachęta: uma loja com a coleção de moda da empresa Clemens en August.
"O título da exposição vem do nome da loja de perfume aberta em Varsóvia nos anos 60 que ficava no cruzamento das ruas Krucza e Żurawia. Era promovida por um neon chique com letras e desenho de um frasco de perfume. Nos anos 80, o neon foi retirado e nos anos 90 apareceu em seu lugar uma “moça em outdoor”, figura típica para as propagandas daquela época. Hoje em dia as vitrines da loja, fechada há algum tempo, estão cobertas por folhas de papel alumínio. O charme de Varsóvia desapareceu" – escreve a curadora da exposição Magdalena Kardasz.
Na exposição em Zachęta, a artista concentrou-se nas obras que se referiam a seus projetos e realizações anteriores, geralmente inspirados por Varsóvia, sua história e suas transformações. Varsóvia é, segundo a artista, mulher. "Czar Warszawy" fala sobre sonhos, a vida ideal, tratando com reserva as mudanças e situações novas.
À ocasião da exposição, foi editada a publicação na língua inglesa "BOOK" – a primeira monografia da artista (ed. JRP | Ringier).
Em 2015, uma das mais interessantes artistas visuais polonesas, montou em Londres a famosa peça de Witkacy "Matka" (A Mãe). O projeto foi realizado no âmbito da série de performances BMW Tate Live.
Durante duas semanas uma das salas da Tate Modern foi transformada por Paulina Ołowska num quarto ao estilo arquitetônico de Zakopane. A artista pintou, seguindo esse estilo, um mural papel de parede, inserindo cadeiras, mesas e armários. Nas paredes foram penduradas obras do acervo da galeria Tate de Henri Matisse, Dora Carringtone e Pablo Picasso. Durante o dia, o espaço funcionou como uma instalação. À noite, nos dias marcados, foram apresentadas peças "Matka. Niesmaczna sztuka w dwóch aktach z epilogiem" (A Mãe. Peça nojenta em dois atos com epílogo) segundo o drama de Stanisław Ignacy Witkiewicz. Os papéis de mãe e do filho foram interpretados pelos atores Valerie Cutko e David Gant.
"Matka. Niesmaczna sztuka w dwóch aktach z epilogiem" é a paródia do drama psicológico da família que Witkacy escreveu em 1924. Repleto de humor sarcástico e mordaz, o enredo é focado em torno das relações entre mãe e filho. Janina Węgorzewska, viúva aristocrata, envelhecida e arruinada ganha a vida fazendo malha. Mantém também o seu filho na casa dos vinte, Leon, filósofo e pensador que profetiza o fim da civilização.
" "Matka" é uma peça excecionalmente desagradável, como próprio Witkacy dizia:'nojenta' – escreveu o crítico Jan Błoński no livro S.I. Witkiewicz "Wybór dramatów". "Raramente se encontram obras de literatura onde todos os sentimentos humanos, e em especial os mais sagrados, sejam tão ridiculizados e menosprezados."
Autor: Ewa Gorządek, CSW Zamek Ujazdowski, abril de 2004
Atualização: junho de 2011; AS, outubro de 2015
Tradução: Katarzyna Stachowicz
Visite o site Culture.pl/brasil para obter informações sobre os mais interessantes eventos da cultura polonesa que ocorrem no Brasil, e ter acesso a uma grande quantidade de biografias, resenhas e artigos.
Seleção de exibições individuais:
- 1999 - "Triumph of Youth", Academia de Belas Artes, Gdańsk, Polônia
- 1999 - "Who likes sport style", Telhal 59 Gallery, Lisboa, Portugal
- 1999 - "Two Strangers on Satumus" (com H. Lund), Academia Real de Belas Artes, Haia, Países Baixos
- 2000 - "Abstrakcja w procesie", Zebra Gallery, Tartu, Estônia
- 2000 - "Na wiosnę", Galeria Entropia, Wrocław, Polônia
- 2000 - "Summer Discount", Bagatte Gallery, Gdańsk, Polônia
- 2001 - "Heavy Duty" (com Lucy McKenzie), Inverleith House, Edimburgo, Escócia
- 2002 - "Romansując z awangardą", Państwowa Galeria Sztuki, Sopot, Polônia
- 2003 - "In Lubelian", Cabinet Gallery, Londres, Inglaterra
- 2003 - "Nova Popularna" (com Lucy McKenzie), Varsóvia
- 2004 - "Suspicious?", billboard project, New Context Gallery, Chicago, EUA
- 2004 - "Asymmetric Display", Galerie Daniel Buchholz, Colônia, Alemanha
- 2004 - "Sie musste die Idee eines Hauses als Metapher verwerfen", Kunstverein Braunschweig, Brunsvique, Alemanha
- 2006 - "Pożegnanie wiosny" (com Joanna Zielińska), CSW Zamek Ujazdowski, Varsóvia, Polônia
- 2006 - "Rainbow Brite", Centrum Sztuki Współczesnej, Zamek Ujazdowski, Varsóvia, Polônia
- 2006 - "Hello To You Too", Cabinet Gallery, Londres, Inglaterra
- 2007 - "Salty Water", Portikus, Frankfurt, Alemanha
- 2007 - "Noël sur le balcon / Hold the Color", Sammlung Goetz, Munique, Alemanha
- 2007 - "Nowa Scena", Metro Pictures Gallery, Nova Iorque, EUA
- 2008 - "Punkty odniesienia", Muzeum Narodowe, Varsóvia, Polônia
- 2009 - "Niezgrabne przedmioty. Alina Szapocznikow", Muzeum Sztuki Nowoczesnej, Varsóvia, Polônia
- 2009 - "Head-Wig" (Portrait of the exhibiton), selected by Paulina Ołowska, Camden Arts Centre, Londres, Inglaterra
- 2010 - "Applied Fantastic", Metro Pictures, Nova Iorque
- 2010 - "Accidental Collages", Tramway, Glasgow, Escócia
- "The Magnificent Seven", CCA Wattis Institute for Contemporary Arts, San Francisco, EUA
- 2013/2014- "Au Bonheur des Dames", Stedelijk Museum, Amsterdão, Países Baixos
- 2014- "Czar Warszawy" Narodowa Galeria Sztuki Zachęta, Varsóvia, Polônia
- 2015 - "Needle / Nadel", Ludwig Forum, Aachen
- 2015 - "Matka. Niesmaczna sztuka w dwóch aktach z epilogiem", Tate Modern, Bankside, Londres, Inglaterra
Seleção de exposições coletivas:
- 1999 - 34. Biennale Malarstwa, Galeria Bielska BWA, Bielsko Biała, Polônia
- 1999 - "Young Art from Baltic States", Community Center for Arts, Greifswald, Alemanha
- 1999 - "Shake the Disease", Lower Foyer Gallery, Dundee, Inglaterra
- 2000 - "Nurse with Wound", Galeria Nacional em Tallin, Estônia
- 2000 - "Niebezpieczne pędzle", Królikarnia, Varsóvia, Polônia
- 2001 - "Malarstwo współczesne", Państwowa Galeria Sztuki, Wrocław, Polônia
- 2001 - "Relax", Galeria BWA, Białystok, Polônia
- 2001 - "Open Studios", Centrum Sztuki Współczesnej w Kitakyushu, Japão
- 2001 - "Rybie Oko", Galeria BWA, Słupsk, Polônia
- 2001 - "Festiwal Malarstwa Ściennego", Gdańsk, Polônia
- 2002 - "Rzeczywiście, młodzi są realistami", Centrum Sztuki Współczesnej Zamek Ujazdowski, Varsóvia, Polônia
- 2002 - "The Rules of Hospitality", Neue Galerie, Berlim, Alemanha
- 2002 - "Germination 13", Paris, França
- 2003 - 50. Biennale di Venezia", Veneza, Itália
- 2003 - "Architectures of Gender", Sculpture Center, Nova Iorque, EUA
- 2003 - "Ukryte w słońcu", Festival de Cinema em Cieszyn, Polônia, projeto de Fundacja Galerii Foksal
- 2005 - 2. Bienal de Moscou, Rússia
- 2005 - 9. Bienal de Istambul, Turquia
- 2006 - "Subversive Charm of the Bourgeois", Van Abbe Museum, Eindhoven, Países Baixos
- 2007 - "Le Nuage Magellan", Centre Pompidou, Paris, França
- 2007 - "Expats/Clandestines", Wiels Contemporary Arts Centre, Bruxelas, Bélgica
- 2007 - "Conditions of Display", The Moore Space, Miami, EUA
- 2008 - 5. Biennale w Berlinie, Berlim, Alemanha
- 2008 - "Attention a la Peinture", Galerie Daniel Bucholz, Colônia, Alemanha
- 2009 - "Ceramics and other things" (z Sarah Crowner), daadgalerie, Berlim, Alemanha
- 2009 - "Modernologies: Contemporary Artists Researching Modernity and Modernism", Museu d'Art Contemporani, Barcelona; Muzeum Sztuki Nowoczesnej, Varsóvia (2010)
- 2009 - 10. Baltic Triennial of International Art, Contemporary Art Center, Vilnius, Lithuânia
- 2009 - "Moby Dick", CCA Wattis Institute for Contemporary Art, San Francisco, EUA
- 2009 - "Modern Modern", The Chelsea Art Museum, Nova Iaorque, EUA
- 2010 - "Utopia and Monument II: On Virtuosity and the Public Sphere", Steirischer Herbst Festival, Graz, Áustria
- 2010 - "While Bodies Get Mirrored: An Exhibition about Movement, Formalism and Space", Migros Museum Für Gegenwartskunst, Zurique, Suíça
- 2010 - "Curious? 21st Century Art from Private Collections", Art and Exhibition Hall of the Federal Republic of Germany, Bonn, Alemanha
- 2010 - "Che cosa sono le nuvole? Artworks from the Enea Righi Collection", Museum of Modern and Contemporary Art, Bolzano, Itália
- 2010 - "Early Years", KW Institute for Contemporary Art, Berlim, Alemanha