Os materiais nobres são a essência de sua prática no design. A mesa "Limestone" é um exemplo desse projeto, onde o êxito depende dos materiais usados. A estrutura da mesa foi colocada sobre dois suportes de madeira simples, nos quais se apoia um tampo maciço de mármore. Zaszulpin dá voz ao próprio material utilizado, sendo as ranhuras a única decoração, e realça o encontro dos materiais, mármore e madeira, proporcionando desta forma mais tensão à obra.
A mesa "Romana" segue o mesmo método. Ela consiste em um tampo comprido de mármore apoiado em duas chapas de madeira, moldadas em ângulos sensuais. Entretanto, na série Pétalas, Zalszupin brinca com uma forma orgânica inspirada nas pétalas de uma flor. A ideia funcionou bem tanto no caso da mesa de centro de maiores dimensões constituída por oito componentes-pétalas, quanto numa mesa menor de apenas quatro módulos. A geometria rigorosa foi, neste caso, interpretada de forma poética: as Pétalas nos seduzem com a perspicácia de sua construção e com a sua forma sensual, evocando algumas realizações arquitetônicas de Niemeyer, como o Palácio da Alvorada.
Com a mesa de centro "Andorinha", Zalszupin se inspira novamente na natureza. Desta vez, o ponto de partida foi a silhueta da andorinha, transfigurada com ligeireza numa mesa multifuncional: cortando um orifício no meio do tampo, encontrou-se um espaço para um revisteiro duplo. O revisteiro aparece também no banco "Onda". Lá, as linhas sensuais se referem às ondas do mar, mas Zalszupin não permitiu que a inspiração fosse demasiado óbvia. As ondas do topo ergonômico receberam um contraponto das pernas simples de metal, num jogo de contraste entre as linhas e os materiais.
Seus experimentos com as combinações de materiais resultaram no surgimento de projetos como "Veranda" e "720 armchair". Em ambos os casos, o designer explorou as possibilidades que dava o couro estendido nos arcabouços de madeira das poltronas e deixou à vista as ligações e os componentes de construção, transformando-os em elementos visuais adicionais intrigantes que proporcionam às poltronas um caráter um tanto despreocupado.
No projeto emblemático "Dinamarquesa", Zalszupin volta a utilizar o jogo entre o arcabouço de madeira e o assento de couro, desta vez apostando numa silhueta extremamente elegante e fina. O cuidado pelo detalhe e a nobreza dos materiais utilizados tornam a poltrona um objeto que nos faz pensar em bijuteria: a parte inferior das pernas foi ferrada com um tipo de pulseira de metal. Em vez dos elementos de ligação aparentes, temos uma estrutura solta, despreocupada, mas bem pensada com a curvatura característica dos braços. Talvez "Dinamarquesa" seja a mais plena expressão do que há de melhor em Zalszupin: em seus projetos, a disciplina encontra a beleza das linhas livres, criando um item harmonioso e cheio de emoção.
Agata Morka, agosto de 2015, tradução para o português: Katarzyna Stachowicz