O trabalho de diplomação resume bem os princípios que norteiam a artista:
"No ato de projetar, o que importa para mim é o contexto do lugar, da situação, a necessidade individual. Eu costumo testar a condição dos objetos e jogar com seus significados, o que me proporciona a possibilidade de me comunicar com os sentidos do receptor."
Bar não apenas projeta, mas também cria os objetos com as próprias mãos. O vidro é, para ela, um material bastante plástico, fácil de moldar e dar forma. Os seus recipientes caracterizam-se por linhas sutis e simples e, ao mesmo tempo, frívolas e sutilmente irônicas. Com frequência, eles comovem o espectador de maneira poética, estabelecendo associações. Por exemplo, os tubos de ensaio preenchidos com manjerona, pimenta e folhas de levístico ("Tubki" [Tubos] 2009) tiveram uma grande recepção do público. Os tubos foram tratados de forma bem plástica, pois perderam o seu caráter laboratorial e ganharam uma nova interpretação mais graciosa.
"Você bebe e começa a se estressar" - é, por sua vez, um comentário que Bar ouviu em relação aos recipientes de vidro "Break-Time!" (2009). Ela ornamentou as peças com uma rede de fraturas inquietantes na sua superfície.
Bar recorre frequentemente aos extremos e gosta de os justapor. Assim fez no caso das taças "Dotknięte" (Tocadas, 2010), sobre as quais afirma:
"Esse embate da forma simples de um tubo de laboratório com uma douradura preciosa na sua superfície é uma tentativa de juntar num só objeto a simplicidade comum com a riqueza."
Todas essas características fizeram com que os projetos de Bar ganhassem uma popularidade internacional. Ela apresentou os seus projetos de design em eventos tais como: Designblok em Praga, Bienal de Design em Saint Etienne, Designstory em Brno, Design September na Bélgica, Gdynia Design Days, Łódź Design Festival, Feira Internacional de Poznań, assim como em várias exposições na Polônia, Alemanha, República Tcheca, Eslováquia e em Israel. Participou também da exposição "Unpolished" que já teve várias edições e, desde o ano 2009, visitou vários lugares do mundo - de Bruxelas até a Coreia. Os projetos de Bar foram exibidos como parte da exposição "Polifonia. Współczesne wzornictwo z Polski" ("Polifonia. Design moderno da Polônia"), organizada no Círculo de Bellas Artes em Madrid, por ocasião do Programa Cultural Internacional da presidência da União Europeia assumida pela Polônia (2011). www.polifonia-polyphony.com
Na prestigiada competição "Make me!" (2009), organizada durante o Łódź Design Festival, ela recebeu a menção honrosa pelo vaso "Group Vase" (2008). Composto de vários recipientes que lembram tubos de ensaio de alturas variadas, o vaso possui cavidades que permitem juntar os tubos por meio de um elástico. Desta maneira, cada um pode compor o seu vaso, diferente dos outros. Há apenas uma condição imposta: o objeto precisa ser composto por, no mínimo, três elementos para garantir sua estabilidade.
Bar, com frequência, enrola, amassa e entalha o vidro. No projeto "Melt Bottle" (2008), a linha sutil da garrafa foi deformada por uma fundição na sua parte inferior. Ela também faz uso de elementos aparentemente menos nobres - resíduos, restos e cacos de cerâmica. Os últimos serviram-lhe para criar uma série de broches intitulada "Ułamki" (Frações, 2008). Os fragmentos rachados, trabalhados pela artista, perderam o seu caráter de "lixo". Pedaços de um estampado floral, margens douradas, sinetas de manufaturas foram expostos e passaram a se caracterizar como um complemento interessante do vestuário. No caso dos copos da série "Alfabet" (Alfabeto, 2007), por sua vez, Bar usou como estampas alguns restos de folha de plotagem.
A busca por um olhar inovador voltado à cerâmica e o vidro é o que aproxima Agnieszka Bar de outras duas artistas - Agnieszka Kajper e Karina Marusińskia. No início de 2009, Bar fundou junto com elas um grupo com o nome de Wzorowo. As três se formaram em design pela Academia de Belas Artes de Wrocław e, nas suas realizações, fazem referência ao conhecimento e à prática adquiridos na Academia, buscando, porém, desconstruí-lo de forma crítica. A marca que as três possuem em comum são as deformações e a exposição dos defeitos que sublinham as propriedades plásticas da matéria vítrea que, ao mesmo tempo, são uma tentativa de revigorar o caráter artesanal dos produtos, algo que acabou por se perder no processo de produção em massa.
Junto com Agnieszka Kajper, Bar projetou "Broken Glass Jar" - um pote para alimentos preenchido com estilhaços de vidro que se assemelha a uma misteriosa lanterna. "Krasnale" (Duendes), também são fruto do seu trabalho em conjunto. Ligeiramente dotados de um ar de conto de fadas, estas pequenas figuras, moldadas manualmente, distanciam-se evidentemente daqueles duendes de jardim de gosto duvidoso. As figuras fazem parte da instalação artística "Śpiąca i krasnoludki"(A Adormecida e os duendes).
Ainda que Agnieszka Bar se dedique principalmente a projetos em vidro, ela também dá atenção a projetos visuais. O seu estilo de trabalho - entre o design e a escultura - é bem notável no seu trabalho "Las" (Floresta, 2011) - série de taças das quais muitas não podem ser colocadas em pé e a maioria nem são úteis para beber. Outro exemplo é "Trawnik" (Gramado, 2010), por cima do qual não é possível andar, pois é feito de cacos verdes de uma garrafa de cerveja.
"Muitos projetos de Agnieszka Bar são permeados por uma pergunta sobre o lugar do homem no seu entorno e na natureza e, também, sobre o seu comportamento correto em relação a eles. Objetos e arranjos são resultado de associações, do contexto do lugar em que ou para que são criados. Nas suas ações está sempre presente uma tensão entre a arte e o design, que criam uma compilação específica" - comenta a crítica de arte Monika Mizera.
Agnieszka Bar trabalha também como professora. Desde 2011, é assistente no Estúdio de Projetos do Vidro Utilitário (dirigido pelo prof. Kazimierz Pawlak) da Faculdade de Cerâmica e Vidro da Academia de Belas Artes de Wrocław, a mesma em que ela própria estudou.
Texto: Paulina Kucharska, janeiro de 2013, tradução: Magdalena Walczuk
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