"Um quarto e meio" é um convite para entrar numa situação que, ao escapar de toda lógica e racionalidade, oscila entre o não dito e o gracejo. A primeira exposição individual polonesa de Laura Lima, uma das mais reconhecidas artistas brasileiras de sua geração, apresenta as margens da nossa percepção, apagando as diferenças ante a realidade e a ilusão. Nos trabalhos apresentados em Varsóvia, a artista utiliza a arquitetura a fim de mudar a percepção do espaço.
A primeira obra apresentada na mostra é um quadro vivo que evoca a atmosfera de um clube noturno ou um salão preenchido com o cheiro de charutos e uísque. Das paredes sobressaem partes do corpo – braços, orelhas, pés – como nas mesas ou cadeiras barrocas, cujas pernas terminavam em forma de patas de gato. Elas são claramente vivas, mas permanecem imóveis. As exceções são as duas mãos que amassam tabaco e enrolam cigarros. Outro espaço é a sala quase vazia. No chão, vemos uma carcaça de um pássaro preto que parece ter caído no chão durante um vôo atrapalhado. Este é um projeto conjunto de Laura Lima com o artista brasilero Zé Carlos Garcia, que durante muitos anos trabalhou como o designer das instalações durante o carnaval do Rio de Janeiro. Hoje, ele utiliza essas habilidades em sua própria prática artística, criando esculturas e instalações espaciais inspirados na anatomia dos pássaros. A próxima sala é dedicada a um trabalho singular: vemos uma mão que, através da ranhura na parte inferior da parede, está desesperadamente tentando alcançar as chaves no chão
No título da exposição, a artista joga com a ambiguidade da palavra "quarto". Em cada uma das quatro salas em que a exposição está inserida, pode se experimentar a mesma situação contínua. Cada quarto seguinte insere o espectador mais profundamente nesta situação e permite desvendar os seus próximos segredos. Observa-se a propensão da artista para o uso da lógica do sonho e a imaginação infantil. O „meio” presente no título é talvez um daqueles segredos. Pode ser, também, uma tentativa de chamar a atenção à ruptura entre o que está visível para o espectador e aquilo que está escondido de sua visão.
Sobre a artista:
O trabalho de Laura Lima foi apresentado em exposições individuais em instituições prestigiadas como ICA Miami, Museo de Arte Moderna (Buenos Aires), Bonnefantenmuseum (Maastricht), Bonniers Konsthall (Estocolmo), Migros Museum (Zurique), Performa 15 (Nova Iorque) e Casa França-Brasil (Rio de Janeiro). Suas obras fizeram parte de várias exposições coletivas importantes, tais como a Bienal de Lyon ("14 Quartos"), Fondation Beyeler (Basileia) e a Bienal de São Paulo. Simultaneamente à exposição de Varsóvia, a artista inaugura uma outra exposição individual na Fondazione Prada em Milão.
A abertura da exposição será realizada no Ujazdowski Castle Centre for Contemporary Art em Varsóvia, no dia 23 de junho de 2017, às 19h00.
O Instituto Adam Mickiewicz, atuando sob a marca Culture.pl, é o parceiro da exposição.
Fonte: material de divulgação; elaboração. MKD, 07.06.2017, traduçao: KM
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