Entre os anos 1991 – 1997, estudou na Faculdade de Escultura da Academia de Belas Artes em Gdańsk. O orientador do seu trabalho de graduação foi o prof. Franciszek Duszeńko.
Na maioria dos seus trabalhos, Julita Wójcik incorpora as tarefas caseiras diárias e simples, normalmente feitas por mulheres, e faz delas ações artísticas. Por um lado, destaca o grande charme dessas tarefas, ainda que, nas nas suas realizações, é possível enxergar o problema dos estereótipos ligados aos chamados papéis femininos. Durante o projeto "Marzenie prowincjonalnej dziewczyny" (O sonho de uma menina do interior), em uma galeria num apartamento particular em Sopot, realizado em fevereiro e março de 2000, com Paulina Ołowska e Lucy McKenzie, a artista exibiu "Misie" (Ursinhos) - 64 ursinhos feitos de tricô e pendurados na parede como se fossem um papel de parede, ironizando as ideias sobre as necessidades e aspirações femininas. Neste mesmo ano, no gramado entre as pistas da rua Władysław IV em Gdynia, criou "O meu jardim", uma estrutura de flores de alguns metros, as quais cuidava e fazia piqueniques no local. No centro de Zielona Góra, em 2001, Julita Wójcik criou um pequeno tanque de água - "Oczko wodne" (Lago artificial).
Em 2001, a sua ação "Obieranie ziemniaków" (Descascando as batatas), na Galeria Zachęta em Varsóvia, foi bastante comentada pela mídia. Durante a ação, a artista, vestida em um avental, descascava batatas e falava com os espectadores, dando entrevistas. A sua ação foi legitimada e sacralizada pela instituição em que tudo isso estava ocorrendo. Através da sua ação, Wójcik chamou a atenção da situação de muitas mulheres na Polônia - o papel, ao qual são reduzidas, de donas de casa.
Julita Wójcik, ação "Obieranie ziemniaków” (Descascando as batatas), Zachęta Galeria Nacional de Arte, 2001, foto: Jacek Niegoda
O significado das ações da artista é ambivalente. A voz crítica mistura-se com o visível respeito pelas atividades diárias e pequenos hobbys. Para a sua exibição "Komplety" (Completos) em 2005 na Galeria Arsenał, em Białystok, Wójcik convidou duas rendeiras que, junto a ela, apresentavam as suas obras. O espaço de exibição foi modificado para um quarto cheio de trabalhos de renda e objetos que trazem à mente o interior, que está caindo em esquecimento. Nesta mesma exibição, a artista apresentou um modelo do prédio da Galeria Arsenał, um crochê feito por ela manualmente. Um objeto semelhante foi criado para a exibição "Palimpsest Muzeum" (dentro da Łódź Biennale 2004) - uma miniatura feita de crochê do Palácio do Poznański em Łódź ("100% de algodão" 2004). De forma parecida, mas com um empenho de trabalho muito maior, foi criado "Falowiec" (2005-2006), um modelo do prédio residencial mais longo na Polônia, que está situado em um dos bairros de Gdańsk, Przymorze.
Algumas ações de Julita Wójcik chegam a ter um caráter claramente político-social. Em 2003, a artista varreu o chão do terreno da antiga fábrica de Łódź para chamar a atenção do destino das tecelãs, após o fechamento de seu local de trabalho. A ação foi registrada por um documentário e pelas fotografias ("Pozamiatać po włókniarkach" [Varrer depois das tecelãs]). Um ano antes, ela tentou conduzir a "Revitalização do Parque Schopenhauer" em um bairro mal falado de Gdańsk - Orunia (2002), para onde ela trouxe, durante um tempo limitado, três cabras do Zoológico de Oliwa. Se alimentando do mato, diminuindo o tamanho do gramado e constituindo uma atração para as crianças, elas restabeleciam a ordem deste lugar esquecido pelo governo local. Por sua vez, em Gradowa Góra, na cidade de Gdańsk, a artista colocou uma caixa de areia azul pintado com nuvens brancas, criando um contraste com uma imensa cruz de aço que havia no local ("Piaskownica z widokiem" [Areal com a visão, 2002]).
Durante a sua ação "Waitresses", executada duas vezes (em Varsóvia em 2002 e em Estocolmo em 2003) Wójcik, como uma garçonete, ficou em pé ao lado da mesa dos clientes de um restaurante vestida com um avental, que servia ao mesmo tempo como uma toalha de mesa, como se através da sua presença ousada, quisesse chamar a atenção ao trabalho das pessoas que preparam e servem os pratos.
Em 2003, em Berlim, ao lado de um poste de semáforos, a artista informava os motoristas sobre a cor da luz acesa, vigiando a ordem ("Czerwony, żółty, zielony", [Vermelho, amarelo, verde]). A sua ação "Z ziemi włoskiej do Polski... i z powrotem" (Da terra italiana para a Polônia.... e de volta) teve também uma dose de ironia. Foi realizada por Julita Wójcik em 2005 em Roma, onde ela lavou o Fiat 126p, o popular Maluch (Pequeno), produzido a partir dos anos 70 na Polônia sob a licença italiana.
Mesmo passando uma mensagem frequentemente crítica, a arte de Julita Wójcik tem sempre um caráter alegre. Na ação "Dokarmiaj niebieskie ptaki" (Dê comida aos pássaros azuis”, 2003-2005) a artista construiu e distribuiu alimentadores de passarinhos que pareciam prédios de instituições com as quais ela então cooperava. Um vídeo que documenta a ação "Pust' wsiegda budiet sołnce" (2004) mostra a artista soltando pipa com o formato de sol. Em 2004, em Kostrzyn, Wójcik refez o castelo local, hoje em dia arruinado, usando centenas de balões distribuídos minuciosamente. Foi, porém, uma construção efêmera - durante a ação o castelo voou para o ar ("Odbudowa zamku" [A reconstrução do castelo]).
Nos últimos anos, Julita Wójcik tem desempenhado o papel de Gilala, antes usada pela artista como a sua logo bidimensional - uma menina que parecia o pictograma esquemático das placas nas portas de banheiros femininos. Vestida de um traje preto de esponja, a artista andava, como Gilala, de patins numa pista de gelo em Sopot ("Jazda figurowa"[Patinação artística], 2005), e em Praga, na República Tcheca, durante a bienal local, tentou tapar a figura de São João Nepomuceno na Ponte Karol ("Figura pomnikowa" [A figura monumental], 2005).
Julita Wójcik, ação "Jazda figurowa” (Patinação artística), Sopot, 2005, foto: Jacek Niegoda
Convidada para a participação em uma exposição na Noruega, Wójcik realizou o seu projeto poético "If you see something, say something" (2007). O título foi derivado de uma campanha de propaganda feita em Nova Iorque, que visava aumentar a atenção dos moradores da cidade para quaisquer itens, pessoas, comportamentos suspeitos, aumentando o sentimento de ambiente histérico após os ataques de 11 de setembro 2001. Wójcik entrou no papel de uma mídia de propaganda e através de um megafone, repetia as indicações: "Be suspicious of anything unattended", mas fazia isso sozinha, rodeada pela natureza virgem de fiordes noruegueses.
"Por isso que a frase 'se você vir algo, fale' é impossível de se realizar, pois os visuais são tão lindos que tira o fôlego, e pronto" – explicou na entrevista.
O foco de muitas ações de Wójcik é a história da arte. A artista está especialmente interessada em perguntas sobre a segunda vida da criação artística, a entrada nos museus, as relações entre a arte e a realidade. E tudo isso é adornado, obviamente, pelo humor característico da artista. Em 2008, para a abertura do novo prédio do Museu de Arte em Łódź, chamado ms2, Wójcik organizou "Wyścig na 3600 ms2" (Uma corrida de 3600 ms2), fazendo referência ao nome da nova filial do museu. Após o último discurso, houve um tiro que foi o sinal para o início de uma corrida pelos 3600 metros quadrados da nova superfície de exibição. A artista, usando uma roupa especial de treino branca, correu entre os convidados da exposição, ultrapassando os objetos de arte como se estivesse participando de uma corrida de slalom.
Em algumas de suas realizações, Julita Wójcik, de forma irônica e brincalhona, fez referência à arte abstrata, criando um contraste entre o que é abstrato com a vida cotidiana. No Centro da Escultura Polonesa em Orońsk, Wójcik leu relatos de Władysław Strzemiński, criador do Unismo, na presença de vacas pastando nos campos, e cujas manchas relembravam as manchas dos seus quadros unistas ou paisagistas ("Pejzaż unistyczny" [Paisagem unista], 2007).
"Tento mostrar que todos podem participar da criação da arte contemporânea, todos podem fazer parte disto. Por isso, eu trabalho como uma diletante – comentou a artista, na ocasião deste projeto. — Achei que iria conseguir realizar uma ação em que, na presença dos espectadores, as vacas iriam criar-pastar as composições unistas no mato. Mas acabou que elas próprias se tornaram uma composição unista viva."
Como parte do projeto "Przebudzenie" (O despertar) em Świecie, organizou uma competição de corrida com barreiras, nas quais colocou lonas pintadas de listras brancas e pretas, que relembravam um modelo usado frequentemente nas obras do artista francês Daniel Buren ("Dyscyplina abstrakcyjna" [Disciplina abstrata], 2009). As barreiras foram substituídas por pinturas abstratas.
A curadora da ação, Karina Dzieweczyńska, escreveu:
"Uma disciplina abstrata é tentar destacar o fato de que a arte nasce de qualquer atividade que inicialmente pode parecer normal. Porque não seria uma abstração correr 100 metros com barreiras?"
Em Wigry (Polônia), onde em um antigo mosteiro ainda há pouco funcionava a Casa de Trabalho Artístico, Wójcik organizou, em 2009, "Kąpielisko" (O balneário), mais uma vez transferindo a lógica derivada das artes abstratas implantada no espaço cotidiano. A aertura do "Balneário DPT Wigry" ocorreu em 30 de agosto. A inauguração oficial foi realizada pela diretora da Casa do Trabalho Artístico, Agnieszka Tarasiuk. Além disso, as crianças e adolescentes, com as quais trabalhou a artista, fizeram várias composições abstratas utilizando a temática do banho.